terça-feira, 14 de maio de 2013

À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA (Pra Mary Rosa, pelo que pensa)


Em nossa cabeça cabe o universo
E todos os seus melindres,
Inacessíveis ao que morreria.

Cabe cada estrela de qualquer constelação,
Ainda que em gênese, a bilhões de anos-luz.

Cabe a pequenez do átomo, e mais,
Os quarks que o formam
Numa cascata de luz e caos.

Cabe toda a fauna, toda a flora,
Todos os corpos siderais
Num turbilhão de formas e cores
A exigirem a inquirição dos mistérios.

Cabe o intencional e o acaso,
O premeditado e o acidental,
Todo o possível a nos desgastar
Nos rosários das compreensões.

Cabe qualquer coisa criada
Qualquer coisa pensada
Qualquer coisa sentida
Estabelecendo a identidade
Fazendo-nos imagem e semelhança.

Na cabeça do homem cabe tudo
E cabe mais porque cabe o só suspeitado
E que se tornará verdadeiro e trivial.

Nada se nos escapa ou passa indiferente,
Convidando-nos à reflexão e à investigação,
Até a compreensão exata do mistério.

Esta a identidade, esta a semelhança:
Pensamos, sentimos, idealizamos e mais,
Construímos, modificamos, destruímos,
Como pequenos deuses temporariamente
Ancorados no que ainda não somos.

Francisco Costa.

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