Tens
qualquer coisa que plange,
lastima, com
mansietude de gata
deitada nas
sombras dos dias.
Desfias
lamentos como se natural
clamar pelo
que esperas em vão.
Tudo em ti
dói, lateja, incomoda,
como chaga
aberta, ulceração
de ansiedades
postas nas horas
em que
haveria sono e sonhos.
És só, como
uma palmeira, hirta,
incólume às
marés e ao vento,
alheia à
paisagem a redor,
centrada no
incompreensível,
no que não
se distingue
porque puro
instinto, desconfiança
que deixas
escorrer em versos.
Nua, no
entanto, despida do pudor,
das roupas,
de ti mesma esquecida
em algum
poema por terminar,
és só
mulher, carne e desejos,
desempenho
de versos livres,
sem métrica
e sem rimas, de ritmo
solto,
impróprio à declamação
porque sem
palavras, só de ruídos,
gritinhos,
gemidos, arfares, ais...
que em poema
algum descreverás.
Poeta me
alimentando de sonhos
és ótima.
Mulher me
realizando os sonhos,
és muito
melhor.
E confuso,
surpreendido, em rendição
me entrego
em teus braços, versos,
e me encontro
em teu corpo, poema,
sorvendo
sexo como se um livro,
página a
página, parágrafo a parágrafo,
lastimando
saber que haverá final,
quando
abandonarás a mulher aqui,
em minha
cama, e te disfarçarás
em poeta,
não mais que uma poeta,
entre
tantas, igual.
Francisco
Costa.
Fico muda das palavras diante de tão imensa entrega...bela! " Poeta me alimentando de sonhos
ResponderExcluirés ótima.
Mulher me realizando os sonhos,
és muito melhor." Fascinada estou, Francisco! Beijos querido poeta <3