terça-feira, 7 de maio de 2013

A MOÇA NA TARDE


Passas. Não sei quem és, de onde vens,
senão que passas, lenta e ritmada,
em passos de agora ou nunca mais.

Em que rótulo te ostentas? Ana, Maria,
Joana, Beatriz? És triste ou feliz?
Sorridente ou séria? Navegas na fortuna
ou te ostentas na miséria?

Como flor em jardim alheio, astro
de galáxia distante, ser abissal,
longe do anzol, pairas na tarde,
incólume e soberana, dádiva aos olhos,
anunciação do proibido, do interdito
ao que só se propõe à admiração,
ao deixar-se ficar assim, aparvalhado
como um menino na igreja,em contrição
de poeta diante de um poema de carne.

Do nada te anunciaste, e para o nada vais,
mera visão repentina e passageira,
como pluma no vento, alga na maré,
irrelevando tudo, fazendo do detalhe
na tarde a razão de ser da tarde,
moldura que te configura e fixa
irrepetível, silenciosa, compenetrada,
alheia a esse meu coração que arde.

Seguir-te? Buscar conversas, ir ao flerte?
Não! Tocar-te seria quebrar o encanto e,
na tua partida, adiante, cultivar o pranto.

Que sejas só essa moça passando na tarde.

Francisco Costa
Rio, 12/04/2013

Um comentário:

  1. Essa eu amo de paixão...e é toda ela, Francisco! "A moça a tarde...beijos poeta querido <3

    ResponderExcluir